Farnborough 2014 – A Brazuca que faz gol… a nosso favor!
por Vianney Jr
Editor-chefe de Avaliação de Aeronaves – DefesaNet
A participação do Brasil na maior feira de aviação do ano foi tão bem sucedida, que o mau desempenho na Copa foi lembrado apenas em forma de piada para quebrar o gelo em algumas apresentações. A conclusão foi que, se nos gramados vai-se mal, nos hangares o dever de casa esta sendo bem feito.
Embraer Jatos Comerciais
A brasileiríssima EMBRAER, com o pé direito, deu o primeiro passo para o sucesso de sua nova linha de E-Jets E2, que graças principalmente ao design das novas asas promete uma economia de consumo de combustível de 6,4%. Com uma Carta de Intenções (Letter of Intent – LOI) com a Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A., auferiu 30 pedidos firmes para o jato E195-E2. O contrato está previsto para ser concluído no quarto trimestre deste ano, quando os pedidos firmes serão adicionados à carteira (backlog) da Embraer. Além do pedido firme, a LOI contempla direitos de compra para 20 jatos adicionais do mesmo modelo, elevando o potencial da encomenda total para até 50 jatos E195-E2. O contrato tem um valor estimado de US$ 3,1 bilhões, a preço de lista, caso todos os direitos de compra sejam convertidos em pedidos firmes. Como a primeira companhia aérea a encomendar o E195-E2, a Azul passa a ser o operador-lançador desta aeronave.
A Embraer também recebeu uma encomenda de 50 jatos E175-E2 da Trans States Holdings, controladora das companhias aéreas Trans States Airlines, Compass Airlines e GoJet Airlines. O acordo também inclui opções para outras 50 unidades, elevando o potencial do pedido para até 100 aeronaves. O pedido, estimado em aproximadamente USD 2,4 bilhões a preço de lista, tem entregas programadas para começar a partir de junho de 2020.
Ao mesmo tempo, no Brasil, a Embraer concluiu um acordo para a venda de 40 aeronaves para a companhia aérea chinesa Tianjin Airlines, uma subsidiária do HNA Group. O contrato, avaliado em USD 2.1 bilhões a preço de lista, inclui 20 E-Jets e 20 E-Jets E2, o que faz da Tianjin Airlines o primeiro cliente dos E-Jets E2 na China. Também com os chineses, um acordo de venda para até 20 E190-E2 com a ICBC Financial Leasing Co., Ltd. (ICBC Leasing), sendo 10 pedidos firmes e 10 direitos de compra, robusteceu o sucesso do lançamento de vendas dos E-Jets E2. Os pedidos firmes para as 10 primeiras aeronaves serão incluídos no backlog da Embraer no 3º trimestre de 2014. O valor do contrato é de USD 1,1 bilhão a preço de lista, caso todos os direitos de compra sejam convertidos em pedidos firmes. As cerimônias de assinatura ocorram durante a visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, e contou com a presença dos presidentes das duas nações.
O E190-E2 será o primeiro modelo da família de E-Jets E2 a entrar em serviço. As primeiras entregas estão previstas para o início de 2018.
Os três novos E-Jets E2 (E175-E2, E190-E2 e E195-E2) possuem motores turbofan com caixa de redução da Pratt & Whitney, controles de vôo full fly-by-wire, ruído externo mais baixo, e redução no consumo de combustível, custos de manutenção e emissões de CO2.
Embraer Defesa & Segurança
Já a EMBRAER Defesa & Segurança surpreendeu positivamente com a divulgação das fotos do presente estágio de montagem de seu novo trunfo, o KC-390. O adiantado trabalho de finalização do maior avião já projetado no Brasil, juntamente com a apresentação da cross-section deste transporte militar médio, atraíram a atenção de grande parte da mídia internacional. Igualmente, a exposição de alguns dos principais sistemas embarcados no KC-390 (Rockwell Collins, AEL, BAE Systems, Cobham) fez do estande da Embraer uma parada obrigatória dentro dos roteiros de visitação das delegações de várias forças aéreas representadas em Farnborough.
Com contrato assinado com a Força Aérea Brasileira para a construção de 28 aeronaves, o KC-390 mira nos potenciais 700+ pedidos do mercado internacional, uma vez que chega como solução flexível e moderna para substituição de uma frota envelhecida de aeronaves de transporte militar de médio porte, em boa parte do mundo. Ao contrário de soluções “upgradadas” de projetos mais antigos, o KC-390 parte da prancheta com design aerodinamicamente mais eficiente, motorização confiável, e sistemas de última geração.
EMBRAER + SAAB
Ainda pertinente à cadeira da presidência de Jackson Schneider, CEO da EMBRAER Defesa & Segurança, o recém-assinado MOU (memorando de entendimento) com a SAAB, referente à produção do Gripen NG para a Força Aérea Brasileira, aumentou a confiança na assinatura do contrato com a FAB para ainda este ano.
Durante as apresentações dos executivos da fabricante sueca, foi grande o interesse da imprensa internacional acerca da relação estabelecida pelo documento de parceria na gestão conjunta do Projeto F-X2 no Brasil. Por meio deste acordo, a Embraer exercerá um papel de liderança na condução geral do programa, bem como realizará uma grande parte do trabalho de produção e entrega das versões monoposto e biposto do Gripen NG para a FAB. A especulação maior por detalhes rondou percentuais de transferência de tecnologia e participações nos direitos de propriedade intelectual sobre o projeto.
A EMBRAER coordenará todas as atividades de desenvolvimento e produção no Brasil, em nome da SAAB, e, além de uma grande parcela de trabalho neste projeto, a Empresa também participará do desenvolvimento de sistemas, da integração, testes em voo, montagem final e entregas.
Além disso, a EMBRAER e a SAAB serão responsáveis pelo desenvolvimento completo da versão biposto do Gripen NG, ao mesmo tempo em que as duas empresas estudam a formação de uma parceria estratégica para promoção e vendas das duas versões, monoposto e biposto, no mercado global.
Grande é a expectativa quanto à conclusão dos entendimentos e arranjos produtivos para que se chegue à assinatura do contrato com a Força Aérea Brasileira. As análises em geral, tanto no meio especializado aeronáutico e militar, e econômico e industrial, são convergentes ao avaliar que a decisão brasileira tem uma ascendência importante no futuro do mercado global de aeronaves de combate, e impacta profundamente (e positivamente) nos rumos da SAAB, sendo assim, de maior relevância estratégica para a Suécia, que propriamente ao Brasil.
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